20 February 2017

Olhar

       Boa noite caros e caras, como vão todos?

       Espero que todos estejam bem, pois eu estou bem! Aliás, após uns bons dias ruins, finalmente estou bem, poderia estar melhor, mas estou em paz - e isso é ótimo. Passei um final de semana consideravelmente calmo: sábado passei a tarde inteira com meu melhor amigo, e foi perfeito! A companhia dele sempre é excelente, mesmo se tivéssemos ficado em silêncio a tarde inteira teria sido muito gostoso, e no domingo eu fui ao cinema durante a tarde, assisti um filme excelente, francamente, fazia um bom tempo que não assistia um filme tão bom quanto o que vi. 
       Claro que o melhor do fim de semana foi a tarde inteira de conversa que tive com meu amigo. Gosto bastante de conversar com ele pois ele quebra meus paradigmas,  me faz pensar de uma forma diferente da que eu estou acostumada, ele sabe como falar comigo e me fazer ver as coisas de um outro ângulo; posso dizer que ele me faz pensar na medida certa. Tenho a terrível tendência a pensar muito, mas muito mesmo, além do que deveria e às vezes beiro caminhos bem errados em meus pensamentos (deveria começar a perguntar diretamente, tentar não ficar com questionamentos ou apenas me contentar com o que foi decidido e acordado durante a conversa, afinal, se eu cheguei a uma conclusão aceitável em minha mente não há necessidade de continuar o pensamento, mas, um dia eu aprendo.) - como sempre digo, um dia eu aprendo a escrever um artigo sem divagar, não estou me esforçando muito por enquanto, mas creio que isso sumirá naturalmente, conforme o tempo for passando me tornarei mais focada, com pensamentos mais focados, talvez seja a fase que estou passando. Enfim... 
       Conversamos sobre mil e uma coisas, desde novas fases, de crenças religiosas, 'nova eu' - aliás, estava bem focada nisso, bem firme e forte até ontem à noite que foi quando comecei a pensar alem da conta, negociações, relacionamentos e afins. Ele me acompanhou até minha casa, e falei para ele entrar - queria mostrar minha coleção de elefantes, meus livros e umas fotos que tenho em minha parede. Meu amigo acabou vendo minha agenda desse ano, e mostrei todas as agendas que tenho desde 2005/2006 (na época morava fora do país e as agendas seguiam o calendário escolar), e ele me perguntou se havia algum dia em particular que eu me lembrava. Honestamente não sabia corretamente o dia, mas sabia que em determinado ano, determinada época eu havia escrito sobre algo que me marcou muito. Contei o evento, que envolvia um namorado - meu primeiro namorado na verdade, o chamaremos de D - e comecei a falar sobre minhas expectativas em um relacionamento. 
       Inicialmente falei sobre as expectativas que já vi em pessoas de modo geral, e nisso falei que o que busco, o que almejo são o gestos da pessoa com quem estou, não busco que me idolatrem, ou me encham de presentes, mas sim gestos. Algumas vezes a pessoa que está ao meu lado nem se quer percebe quando faz algo que, para mim, tem um significado imenso e aquece meu coração. Esses pequenos atos podem passar despercebidos se não soubermos olhar com atenção - e é por isso que o gesto tem tanta importância para mim. Contei ao meu amigo o que de tão especial aconteceu naquela época, e contarei a vocês também.
       Dez anos atrás eu era bem diferente do que sou hoje, era bem da turma do rock, tinha uns bons 5 centímetros a menos, e uns bons kilos a mais, não era muito feminina  nem nada (algo um tanto quanto difícil de se imaginar para quem me conheceu nos últimos 5 anos). E fiz uma viagem com minha escola para a Irlanda - como disse, morava fora, e algumas escolas tinham parcerias entre si e facilitava intercâmbios culturais. E foi assim que passei uns dias na Irlanda. Sempre tive facilidade em fazer amizade com meninos, eles são tão simples é mais fácil lidar com eles e creio que eles nos ajudam a pensar de uma forma menos complexa - digo isso por mim, bem, e ao longo dos dias que lá fiquei eu fiz amizade com o D; foi tão bonitinho como nos tornamos amigos que até parece história da Disney, nunca na vida imaginei que me apaixonaria por ele, mas aconteceu. Foi bonitinho, foi puro, foi um sonho. Na última noite que passamos na Irlanda a escola fez uma baladinha para os alunos, foi suuuper legal, mega divertido, eu dancei a noite inteirinha! Adoro dançar, adoro sair, amo beber cerveja - na época não bebia, mas hoje bebo hehehe 
      Aquela noite poderia ter durado para sempre, sentia que ela nunca acabaria, dancei com meus amigos, dancei com o D - só para completar a parte que falei sobre mim, em como eu era diferente 10 anos atrás, o D era lindo, loiro, olhos azuis, magro mas com porte atlético, enfim... - aliás, dancei até cansar, até minhas pernas doerem, e eu ir sentar para descansar por uns momentos, nesse meio de tempo meu namorado, era na época, estava conversando com uns amigos - super normal, e eu sentei em outro local do salão para não atrapalhar a conversa dele com os amigos. Três figurativos segundos depois que eu sentei começou a tocar uma música romântica, e eu gelei, é lógico que eu gostaria que o D me tirasse para dançar, mas não iria pedir, nem nada, seria forçar a situação. A música romântica tinha começado a tocar naquele segundo, e eu vi de relance ele pedindo licença para o amigo, veio em minha direção e estendeu a mão pra mim. Esse gesto, essa mão estendida está gravada na minha memória da forma mais forte que existe, consigo lembrar como se tivesse acontecido agorinha mesmo. Foi mágico, foi um sonho que se tornou realidade. Meu coração pegou fogo, acho que ele nunca havia batido com tamanha intensidade, minhas entranhas pareciam feitas de areia. Me senti uma princesa naquele momento, aliás, acho que foi depois desse dia que comecei a ser mais feminina, algo nesse gesto ligou um botão diferente em mim, mexeu na minha estrutura, e me tornou em alguém diferente. 
       Engraçado, para vocês pode parecer algo tão insignificante, mas para mim foi tudo! Naquele momento me senti amada, me senti querida, senti como se só houvesse eu no mundo, e eu fosse a única pessoa que ele quisesse por perto, apesar de ter 15 anos apenas, naquela dança me senti mulher - e foi assim que comecei a me maquiar, não apenas passar lápis preto e rímel e só, comecei a revelar meu lado mais mulher. E olha, juntamente conosco naquela viagem estava a ex dele, a menina era linda! Magra, olhos azuis, cabelos pretos e lisos, e super branquinha (naquela época eu também era extremamente branca hahaha), e ela vinha tentar dar em cima dele, ou puxar papo - principalmente depois que começamos a nos relacionar, gente, mulher é uma desgrama, convenhamos! - e ele era super seco com ela, mal olhava pra ela, e quando ela chegava por perto ele me abraçava, sorria para mim, ele fazia questão de deixar claro para as pessoas que ele estava comigo, e que era eu que importava.  Sempre presto atenção nisso, meu último relacionamento teve dois momentos assim também. O primeiro foi antes de nos beijarmos, foi no nosso segundo encontro. Saímos com os amigos dele, e estávamos em um bar, estava perto do ombro dele - ambos sentados, e ele virou a cabeça e me olhou. Esse olhar ficou gravado também, foi algo tão bonito, tão caloroso que quase não consigo explicar. Realmente não consigo traduzir, foi especial, não o havia beijado até esse momento, e o olhar que ele me deu fez com que meu coração perdesse o compasso e minhas barreiras caíssem, por causa daquele olhar eu decidi que se houvesse um próximo encontro eu o beijaria. Após isso começamos a nos ver com maior frequência e culminou em um relacionamento sério, tanto que fui conhecer sua mãe. Ela não mora em minha cidade, aliás, mora beeem longe daqui. Ficamos cerca de 20 dias na casa dela, e todas as noites ele acordava durante a madrugada para fazer xixi (confesso que eu também acordo, aliás, acordo para beber água, e uma coisa leva a outra), e quando ele voltava para a cama, toda santa vez, ele me envolvia em seus braços e me puxava para perto de si. Gente do céu! Não tem como explicar como eu me sentia todas as noites quando ele fazia isso, eu sorria todas as vezes. Meu coração parava, sem brincadeira, ele parava no momento que a mão dele tocava na minha cintura e só voltava a bater quando estava perfeitamente acomodada no seu abraço. Nesse momento tudo estava perfeito, tudo estava bem, nada de ruim poderia acontecer dentro daquela puxada para perto. A casa poderia cair que sei que ela não cairia em cima de mim, estava protegida. Essa sensação de calorzinho no coração é imbatível.
       E é por isso que eu digo que o que conta são os gestos. Acho que nem o D, muito menos o H sabem - e provavelmente nunca saberão, o D não sabe português, e apesar de o H ter o link do blog, acredito que ele não o leia - que esses momentos estão gravados em minha memória, que eles aquecem meu coração, e de certa forma me transformaram, ou transformam ainda. Não preciso de grandes presentes, não preciso de grandes declarações - aliás, odeio declarações extensas em redes sociais, mas gosto dos olhares, de puxadas para perto - em qualquer local, qualquer situação, gosto de flores, de sorrisos e mãos estendidas. Isso sim faz a diferença, isso que faz com que eu queira estar com a pessoa, que me faz querer batalhar pela pessoa, que toca no meu coração. Veja bem, já se passou 10 anos e ainda me lembro do D ao me estender a sua mão, e basta fechar os olhos para lembrar do olhar e do sorriso do H ao virar o rosto para mim, sei que não me esquecerei disso. Daqui dez anos me lembrarei disso ainda, isso é o que conta, é isso que faz valer a pena. 
       

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